Se por um lado a Bahia oferece o patuá, um amuleto muito utilizado por pessoas ligadas ao candomblé, feito de um pequeno pedaço de tecido na cor correspondente ao orixá, ao qual é bordado o nome do orixá e colocado um determinado preparo de ervas e outras substâncias atribuídas a cada orixá.

Por outro, o Japão através do Festival da Cultura Japonesa de Salvador — Bon Odori traz a imersão da fé e proteção dos amuletos japoneses. Para entender melhor o poder dos amuletos japoneses, o monge Milton Yamada, residente do Templo Budista Jodoshu Betsuin Nippakuji em São Paulo ressalta a função e o simbolismo dos amuletos no Japão. E o significado ou função deles na vida das pessoas.

“Os amuletos personificam os desejos auspiciosos que nossos corações anseiam, tais como curas de enfermidade, proteção e saúde física, proteção e harmonia familiar, entre outros”, diz. “No Japão os amuletos conjuram sonhos, desejos sinceros, bem querer, devoção, em um único objeto, no qual anualmente renova as esperanças para a harmônica passagem do ano, ou em momentos difíceis. Com esse objeto lembramos que a todo momento estamos recebendo as bençãos”, destaca o Monge.
A origem histórica dos amuletos, e como eles têm sido usados na cultura japonesa. Conforme o Monge Yamada, os “Omamori” tem suas origens em tempos imemoriais, quando contas de magatama , eram usadas como talismãs para afastar o mal. Com o tempo os templos budistas começaram a desenvolver amuletos consagrados com finalidades específicas. Os amuletos são consagrados com as mais puras egrégoras carregando o poder dos Budas, Bodhisattvas e os ensinamentos budistas.
A cultura japonesa cresceu muito no Brasil, vários adeptos as tradições, principalmente quanto ao uso dos amuletos, que é um símbolo de fé. O desenvolvimento da cultura japonesa no Brasil veio em colaboração para essa grande nação, que no passado acolheu os imigrantes. Essa fusão benéfica mostra que a cultura é em si um patrimônio da humanidade, onde todos podem se beneficiar através do intercâmbio entre pessoas e ensinamentos, fortalecendo a todos.
O omamori está ligado a religião, e ou as crenças folclóricas japonesas. Em um país milenar como o Japão, a religião, a cultura, as crendices e folclore se fundem harmonicamente entre si. É nessa fusão das diferenças que o todo se torna mais amplo e profundo, mostrando as infinitas possibilidades que podemos ter e atingir durante a existência.
“Tenho memória afetiva na fé e nos amuletos, quando tinha 9 anos de idade, num momento de muita tristeza me deparei com um Monge, realizando o funeral da minha bisavó”, lembra. “Com suas preces e ensinamentos desejei sinceramente me tornar alguém com a capacidade de poder transmitir ensinamentos, dar conforto e ser luz no coração das pessoas, como foi aquele Monge no momento da partida da minha bisavó. Comecei os primeiros contatos da vivência em um Templo budista ainda muito jovem, aos 11 anos de idade”, confessa o Monge Yamada.
Para concluir, o Omamori é uma das mais variadas e importantes expressões de fé, cultura e busca. Um pequeno objeto que pode deter uma força muito grande conforme nos concentramos em sua função. Algo como um farol que nos guia aos nossos desejos mais profundos, nos deixando atentos sobre o próximo passo que devemos seguir. Os amuletos vão muito além de uma moda. Há centenas de anos e gerações, carregam os mais diversos anseios dos nossos corações. É como um bom companheiro que caminha ao nosso lado nos lembrando onde estão nossas intensões e objetivos mesmo em meio às turbulências. Ele nos lembra de estarmos em permissão para recebermos as dádivas que estão sempre a nossa disposição e simplesmente não conseguimos perceber devido às várias atribulações que passamos.
Em resumo, se tem um motivo de sobra para celebrar a fé e proteção através dos amuletos, a comemoração dos 130 anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão. Firmado em 1895, esse tratado foi um marco fundamental que abriu as portas para a imigração japonesa ao Brasil, iniciando uma rica e profunda relação entre as duas nações. Visando fortalecer ainda mais os laços bilaterais.
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