O trabalho, que mobiliza mais de 30 estudantes com idades entre 13 e 15 anos, resulta em espetáculos que unem arte, pensamento crítico e protagonismo juvenil no território escolar. O projeto de teatro da EMEF Dr. Habib Carlos Kyrillos, da Diretoria regional (DRE) Santo Amaro, tem se consolidado como uma potente ferramenta de aprendizagem e transformação social. O trabalho é fruto de uma trajetória iniciada em 2018, quando a escola passou a adotar o teatro como prática pedagógica e metodologia interdisciplinar.
Os estudantes do Ciclo Autoral (7º ao 9º ano) produzem espetáculos autorais integrados ao currículo escolar, a partir de temas contemporâneos e relevantes para o território e para a formação cidadã. Em edições anteriores, os Trabalhos Colaborativos de Autoria (TCAs) abordaram temas como o regime nazista, com base na obra Terror e Miséria do III Reich, de Bertold Brecht (2018), a formação da América Latina a partir de Mulheres, de Eduardo Galeano (2021), questões de gênero e sexualidade (2022), Brasil Africano: Reconvexo e Refazenda Negra Juntos no Banzo e na Guerra (2023), Epahey Oyá Tupinambá: eco antropofágico dos encantados da floresta e dos nagôs da quebrada (2024) e A Ilha de Utópos e o Tornado Tyrannos: sonhos para combater tempestades distópicas (2025), cuja estreia reuniu 450 pessoas da comunidade escolar.
Neste ano, o grupo é composto por 34 alunos, com idades entre 13 e 15 anos, todos do Ciclo Autoral. A seleção foi feita a partir de uma pesquisa no início do ano letivo, que contou com a inscrição de 90 estudantes interessados. A limitação no número de vagas visa garantir a qualidade pedagógica e o acompanhamento próximo dos participantes.
A criação das peças tem envolvimento dos estudantes, que colaboram com ideias, construções simbólicas e adaptações dos roteiros, com base em temas emergentes no território e no cotidiano escolar, como racismo, equidade de gênero e democracia.
As professoras Fernanda Tabuso (História) e Viviane Caetano (Inglês) são as responsáveis pela condução do projeto, integrando saberes, metodologias ativas e afetividade na prática pedagógica.
O processo de criação das peças segue diversas etapas: preparação teatral (exercícios de corpo, voz e improvisação), leitura e estudo das obras literárias e roteiros, ensaios, montagem da peça, criação e confecção de figurinos, objetos cênicos e cenários. Os encontros ocorrem às sextas-feiras, por meio do Programa Mais Educação, em dois grupos distintos: Teatro e Linguagens da Arte.
Anualmente, é produzido um espetáculo principal, além de montagens curtas para eventos educacionais como seminários, jornadas pedagógicas, congressos e outras apresentações externas.
As apresentações ocorrem em teatros dos CEUs (CEU Caminho do Mar, CEU Alvarenga, CEU Meninos), congressos como o Conectar Saberes, a Expo Internacional da Consciência Negra, o curso Ipadê Xirê da UniCEU/SME, e até mesmo para a rede estadual de Diadema. Todas são abertas ao público, com estreias realizadas prioritariamente para a comunidade escolar e familiares.
Resultados e transformações
O teatro na EMEF Dr. Habib Carlos Kyrillos tem promovido uma educação viva, crítica e participativa. Entre os principais benefícios observados no desenvolvimento dos estudantes estão:
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Ampliação da oralidade, da leitura e da escrita;
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Desenvolvimento de competências socioemocionais, como empatia, escuta e diálogo;
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Estímulo à construção de identidades, ao protagonismo estudantil e à representatividade;
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Integração entre corpo, mente e território na construção do conhecimento;
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Vivência de uma educação democrática, equânime e antirracista, pautada nos princípios dos Direitos Humanos e nos currículos da SME.
Mais do que um projeto artístico, o teatro na escola tem sido um elo entre estudantes, educadores, famílias e o território. Os vínculos criados fortalecem o senso de pertencimento, promovem a escuta sensível e a construção coletiva de narrativas potentes.
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