Fui bolsista-estagiário (kenshusei) da Província de Mie, no Japão, em 1976, ano seguinte de minha formatura como arquiteto, onde permaneci nessa condição, de bolsista, de agosto até março do ano seguinte.
Terminado o estágio, em 1977, sem vínculo empregatício nenhum me esperando no Brasil… e nem namorada… rs, resolvi transformar meu retorno em uma aventura… com uma mochila nas costas. Em princípio, como já estava na Ásia, pensei em fazer um tour pela China, passando por Índia e depois Europa, mas como não tinha domínio pleno do inglês e não achei algum parceiro para essa aventura, mudei meu roteiro para Havaí, primeiro, depois San Francisco, New York e por fim, o máximo que pudesse visitar de países da América Latina, até chegar ao Brasil. Feito! Foram 15 no total, em 3,5 meses! Uma bela e inesquecível aventura! Né, não?!
Pois é. Como sempre fui muito observador… e até sensível, creiam… rs, após passar pelos EUA e entrar “de sola” no âmago dos países da América Latina, visto que estava de mochila, ou seja, em contato direto com o povo, fui tocado pelo que via e convivia, bem como criando aos poucos, em minha cabeça, algo que se materializou tão logo cheguei ao Brasil ao saber de um Salão de Humor, em Piracicaba, que seria realizado em agosto de 1977! Caramba! Só agora percebi, ao escrever este texto, como elaborei e desenhei rápido minha obra para enviá-la a tempo ao concurso, né…
Ou seja, inspirado em tudo que vi pelo caminho e fazendo uma sátira à inigualável obra de Michelângelo (de 1498), desenhei o cartum que encaminhei ao Salão. Veio a compensação, apesar de não material ($… rs), mas foi publicado na seção ARTE (pag 117), da revista VEJA (nº 468, 24/08/1977) e, mais, o meu, dando destaque ao título: Para rir ou não. O não com referência ao meu cartum, porque os demais cinco selecionados pela seção eram… “para rir“.
E o trago de volta, após quase cinquenta anos, não apenas para mostrar como meu cartum continua atualíssimo, vendo o que ainda se passa pelo mundo (Sudão, Cazaquistão, Nigéria, até Gaza, etc., etc…) nos dias de hoje, como também por ver uma foto real dessas consequências, que me deu a impressão de eu… sim… a ter clonado meio século antes. Pode?!
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