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Brasil, o “Eldorado” para os japoneses há 111 anos

Quando Ryo Mizuno retornou ao Brasil, após os 9 anos retido no Japão devido da a Guerra na Manchuria. (Foto: arquivo pessoal)

O café é sem dúvida nenhuma um grande estimulador e prazerosa bebida para um bate papo entre amigos, isso ninguém duvida. É de grande valia saber que o café foi o “protagonista” que motivou o então economista, político, visionário japonês, Ryu Mizuno a trazer 781 japoneses a bordo do navio Kasato Maru, que aportava em 1908 em terras brasileiras carregando esperança, sonhos e a primeira geração daqueles que se tornariam os imigrantes japoneses no Brasil. Para celebrar esse marco e a bem-sucedida união da cultura brasileira com a cultura japonesa, vamos embarcar na rica história contada pelo filho do pai da imigração japonesa no Brasil, Ryuzaburo Mizuno.

 

Ryu está no Japão reunido com os familiares da Obaa-chan Maki durante os 9 anos em que permaneceu no Japão sem poder retornar. Foi com essa família, que Ryu morou durante este período. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Em entrevista em sua humilde casa no bairro Cajuru em Curitiba, no Paraná, regado ao famoso cafezinho feito por ele, Ryuzaburo Mizuno resgata na memória as lembranças do seu pai. “Meu pai foi um grande líder, dedicado à família e aos imigrantes que trouxe ao Brasil. Fez em torno de 20 viagens, das quais 13 ao Japão trazendo imigrantes para as fazendas de café no Brasil, através da Companhia Imperial de Emigração Japonesa com seus funcionários, entre eles o Shunhei Uetsuka”, afirma.

“Eu vejo esses 111 Anos da Imigração Japonesa no Brasil com muito orgulho, saber que o sacrifício, o trabalho e a dedicação do meu pai não foram em vão. Determinado, procurou opções de produção agrícola como rizicultura, sericultura e cotonicultura. É certo que ele não teve sucesso em todos os seus projetos, mas tenho certeza que ele abriu caminho e foi espelho para muita gente”, conta Ryuzaburo aos 87 anos.

 

família Mizuno na varanda da casa em Curitiba (o Ryuzaburo é a criança no colo do Shinichi). O Shinichi era o filho adotivo do primeiro casamento de Ryu. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Assim como Ryu Mizuno foi o pai da imigração japonesa no Brasil, ele também foi um grande empreendedor e o responsável pela introdução do café brasileiro no Japão. “Meu pai era um empreendedor nato, um homem visionário à frente de sua época, abriu à primeira cafeteria em Tóquio, o Café Paulista que existe até hoje, porem não pertence mais à família Mizuno”, destaca Ryuzaburo. Segundo ele, a partir daí começa o intercambio e a harmonia cultural entre Brasil e Japão, o que permite às duas comunidades experimentar, apreciar e misturar as culturas.

Hoje, estima-se que o Brasil tenha o maior contingente populacional de origem japonesa fora do Japão. A influência e as importantes contribuições da comunidade japonesa na sociedade brasileira estão presentes em todas as áreas de Norte a Sul do país. Os imigrantes japoneses conseguiram difundir sua cultura pelo país e a cozinha japonesa conquistou definitivamente o paladar dos brasileiros.

 

Panfleto de propaganda do Café Paulista (Foto: arquivo pessoal)

 

 

A Guerra, o Café e a esperança levaram Ryo Mizuno ao Brasil

Com a força de um samurai que foi, destemido, determinado, convicto, Ryo Mizumo trouxe a primeira leva de imigrantes japoneses ao Brasil. Mizuno viveu no Japão na tumultuada época da Restauração Meiji que, entre outras mudanças, abriu os portos do país após mais de 200 anos de isolamento. Mizuno nasceu samurai na transição da era feudal para a industrial. Ativista radical do Movimento pela Liberdade e Direitos do Povo, tornou-se presidente da empresa de emigração porque tinha uma visão voltada para o exterior. Depositou o seu futuro, da sua família e dos japoneses que migraram com ele nas terras além-mar.

 

Família MIZUNO hoje. (Foto: Luci Judice Yzima)

É possível entender a imigração japonesa no Brasil como um processo histórico do século XX. Na época, o Japão sofria com a pressão demográfica e com a crise econômica, agravada pela guerra contra a China. Por outro lado, no Brasil, a escravidão tinha acabado de ser abolida e o país necessitava de mão de obra para trabalhar nas lavouras de café. A saga do pioneiro, visionário Ryo Mizuno foi longa e árdua. Empreendeu a primeira cafeteria no Japão, o Café Paulista, montada em Osaka, por Mizuno com o objetivo de divulgar o café brasileiro no oriente.

Assessoria Contábil

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KARATÊ

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