Após quatro anos de espera, desde 2019, após realizar a 43ª edição de seu tradicional Festival de Arte e Cultura, a Federação dos Clubes Nipo-brasileiros de Anciões, voltou a realizá-lo como o 44º JUKUREN GUEINOSAI, no auditório da Associação Shizuoka do Brasil, localizada na Rua Vergueiro, 193 – Liberdade, próximo da estação São Joaquim do Metrô.
Como até então ao festival só podiam participar membros e grupos filiados ao Jukuren, inclusive no que tange à Comissão Organizadora, apesar de prós e contras iniciais à 44ª edição, foi liberada a possibilidade de convidados de fora da entidade participarem e, com isso, obtiveram o número de 67 apresentações, razão também do sucesso dessa edição.
A Sonoplastia ficou sob a responsabilidade da Sasaki Som e a apresentação das atrações a cargo da coordenadora geral, Fusako Hara,de Kashimi Katada e de Kazue Takahira.
O evento, que teve início às 8h30, como de praxe, contou com as mais variadas atrações, desde danças tradicionais (odoris e buyô) e danças ocidentais (salão e livre), mais yosakoi soran; às apresentações de minyôs (individuais ou em grupos) e karaokês; além de kenko taisô, sempre interagindo com um público que manteve o auditório quase que o evento todo lotado.
Até um esquete relacionado ao sumô foi representado por duas senhoras, com figurinos adequados, e por um juiz, cujo bigode postiço caía o tempo todo (não previsto por ele próprio), levantando o público e sendo muito aplaudido. Foi uma apresentação da Mizuho Fukujukai.
Outra apresentação diferenciada foi o do grupo chamado JiBa, de São Bernardo Shojukai, fazendo referência a Jitians e Batians, na composição dos participantes, onde se destacaram os instrumentos musicais utilizados. O destaque em questão foi porque os instrumentos foram todos confeccionados por Tsuji Kumai, na época da pandemia devido ao isolamento social imposto. Assim, o sr. Kumai se ocupou dessa forma, inclusive fazendo uso de materiais inimagináveis, tais como cabaça, caixa de whisky… ou de chocolate e até tigela ou fruteira não mais usadas em casa, etc. Como não é um expert no assunto e com materiais também não adequados para instrumentos musicais, os sons não eram perfeitos, mas foram perceptíveis tocados em grupo e agradou imensamente ao público, principalmente após as explicações para suas confecções.
O evento transcorreu sem nenhuma anormalidade, apesar da idade média de seus participantes, até porque contou também com o apoio médico de uma ambulância, médico e enfermeira, oferecidos pelo Enkyô, conhecida entidade médica da comunidade nipo-brasileira.
A Abertura Oficial contou com as presenças da Presidente da Federação dos Clubes Nipo-brasileiros de Anciões, Luzia Hebara; da Diretora Cultura da entidade e a Coordenadora Geral do evento, Fusako Hara; da Presidente da Associação Minyô do Brasil, Tamie Kitahara; do representante de Ryosuke Kuwana, cônsul geral do Japão em São Paulo, Taku Itiyama; do representante de Renato Ishikawa, presidente do Bunkyo-SP, José Yamashita; e da Presidente da UPK, Tiyomi Takase; quando todos puderam saudar o público presente. Antes, porém a coordenadora geral solicitou a todos um minuto de silêncio em homenagem aos amigos que se foram nesse período.
As dificuldades para essa realização, mas que obteve o sucesso desejado para que o evento tenha sequência, estão nas palavras da Coordenadora Geral, Fusako Hara.
“Como também Diretora Cultural da entidade, fiquei muito nervosa porque, depois de quatro anos, voltaria a atuar como coordenadora geral de um evento. Nenhum dos clubes de idosos estava ainda totalmente em atividade. Por isso, para o ano de 2023 a matriz Jukuren começou logo a se planejar para a retomada desse Festival de Cultura e Arte, e também do concurso de karaokê. Nossa maior dificuldade foi conseguir o maior número de participantes (músicos, artistas e cantores) possível. Isso, porque até então (pré-pandemia, devido ao coronavírus), só podiam participar de ambos os eventos quem fosse membro ou associação filiada da Jukuren. Como, devido ao coronavírus, o número de filiados diminuiu, quase desistimos da realização desse festival, imaginando ser impossível essa realização. Por isso, conseguimos aprovar que mesmo não membros e grupos não filiados pudessem participar que, somados aos nossos membros e associações filiadas conseguimos bom número de participantes para essa realização. Por isso tudo, ficaria muito feliz se nosso Jukuren Gueinosai prosseguisse, até como nosso propósito de vida, dos membros desse clube de idosos. E o evento foi maravilhoso porque era visível que todos que subiram ao palco para suas apresentações se dedicaram muito nos ensaios! Por isso, obrigada e parabéns a todos os que atenderam ao nosso convite e estiveram envolvidos conosco nesse 44º Jukuren Gueinosai!👏👏👏”
Igualmente satisfeita, e também tendo essa edição do Gueinosai como primeira experiência, ficou a presidente da Federação dos Clubes Nipo-brasileiros de Anciões, Luzia Hebara.
“Foi meu primeiro Gueinosai na condição de presidente do Jukuren. Estava muito preocupada devido ao recesso por 3 anos causado pela pandemia do coronavírus, mas a tradição e o sangue de nihonjin foi bem mais forte! Por isso, além de conseguirmos realizá-lo, reconhecemos que todos que atenderam ao nosso convite para se apresentarem, o fizeram com muita dedicação e alegria. Notava-se em cada um a alegria e a ânsia de querer mostrar ao público o quanto treinou ao dar o melhor de si nesse dia. Por isso, estão todos de parabéns por suas performances. De minha parte, agradeço muito a todos os membros da comissão organizadora que também se dedicaram muito para que esse nosso evento se transcorresse sem incidentes e da melhor forma possível, como ocorreu.”
A professora de japonês e música, Kuniko Kumai, veterana de Gueinosai promovido pela Jukuren também opinou favorável e deseja muito seu prosseguimento. Ela é filiada à Shojukai de São Bernardo.
“Depois do recesso de quatro anos, devido à pandemia, voltei a participar do Jukuren Gueinosai, nessa 44ª edição. A satisfação já foi imensa só pelo fato de revermos os amigos a ponto de nos valermos da brincadeira: ‘como aumentou seus cabelos brancos, né… rs’. Mas também lamentamos a ausência de outros amigos após esses 4 anos que nos trouxe tristes recordações. Embora ainda não esteja claro que o coronavírus tenha sido superado, mesmo com restrições para a prática da ampla gama de atividades como karaokê, canções folclóricas, apresentações instrumentais, coral, dança japonesa, dança livre, alguns acabaram sendo realizados, ao menos, como exercícios à saúde, o que contribuiu para essa realização. Nas edições anteriores havia mais esquetes (minipeças teatrais tragicômicas), nesta, só a do Sumô, mas que foi muito divertida. A decoração do palco foi menos impactante, mas também, talvez devido à emergência dessa realização. Ainda assim conseguiram oferecer 67 apresentações ao público. Como dizem que a musicoterapia é boa para evitar a senilidade, foi muito prazeroso poder ver os idosos realizando suas lindas apresentações no palco e o público interagindo com eles. Por isso, obrigada a todos que trabalharam arduamente para tornar este festival uma realidade. Nós nos divertimos muito graças a você.”
A presidente da UPK, Tiyomi Takase, participou pela primeira vez de um Jukuren Gueinosai e ficou muito impressionada por essa realização.
“Nunca tinha participado de um Jukuren Gueinosai, por isso fiquei feliz por dessa vez em participar. Minha apresentação foi pelo grupo de dança do Shojukai de São Bernardo, onde sou filiada, Fiz duas apresentações, dançando bolero e dança livre. Fiquei muito feliz por ver que nossos idosos, além de cantarem bem também ainda dançam muito. E também ver que o Kenko Taisso aumentou muito, com várias associações, com grupos desta modalidade, porque exercitam o corpo, mas também a memória devido à coreografia. O Nihon Buyo também tem em várias associações, apesar de achar que diminuiu um pouco. Mas com a Luzia Hebara no comando da Jukuren e Fusako Hara sensei cuidando da parte cultural, tenho certeza de que teremos o Jukuren Gueinosai todos os anos novamente.”
Também a caçula, Kyoko Goyogi, recém filiada, vinda de Jundiaí, ficou satisfeita por ter feito parte dessa edição do Jukuren Geuinosai.
“Como sou recente nesse meio e foi primeira vez que fui convidada a trabalhar/ajudar, não vou poder opinar tecnicamente, mas foi tudo muito lindo e divertido para mim e achei que cada associação caprichou muito nas apresentações para esse 44º Jukuren Gueinosai. Mesmo os que estão no comando da Federação dos Clubes Nipo-brasileiro de Anciões, também se esforçaram muito para fazerem o melhor. Por isso, aplaudo as senhoras Luzia Hebara, presidente do JUKUREN, e Fusako Hara, diretora cultural. Desde 2019 sou associada do Mutsumikai,que foi fundado em 1971, do Nipo de Jundiaí, cujo presidente é Kazuto Nishi, que também participa ativamente do Jukuren. Sou colaboradora e costumo ajudar nos eventos. E meu desejo é para que o Jukuren Gueinosai tenha sequência”
A seguir, imagens de todas as atrações apresentadas nesse 44º Jukuren Gueinosai:
(texto e fotos de Silvio Sano)
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