Na palestra do Rio, sobre esse tema, um participante se manifestou sobre os “prejuízos” que o nikkei costuma ter apenas por se manter calado em situações que poderia ter feito valer sua opinião. Isso, tanto em simples conversa de roda, como em algo formal e como até no próprio trabalho.
“Muitas vezes o nikkei prefere ficar calado a ter de, em público, mostrar seu valor”, contou. “Por isso, como testemunhei certa vez, num evento, um não nikkei ganhou os elogios que deveriam ser dirigidos a um nikkei pelo sucesso obtido”, ilustrou. “Até falei para ele revelar a verdade. E o que me respondeu? Não tem importância”, completou.
Alguns leitores devem ter reagido com um… “Que bobo!”, mas cá pra nós, reconheçamos, alguns outros leitores podem até ter se identificado, em algum grau, com o personagem citado. Né, não?!
A razão está no… “Não tem importância!”
Trouxe o tema porque presenciei recentemente algo parecido. Dessa vez estava na plateia, com um amigo. Em dado momento, ele começou a contestar o palestrante, baixinho, para mim. Pedi-lhe para que levantasse a mão e se manifestasse a todos. Recusou. Como, no caso, tinha mesma opinião, levantei a mão e me manifestei. Mas às seguintes, pedi para ele mesmo falar, até porque já estava me incomodando. Recusou de novo. Só parou de resmungar daquela forma porque o pedi.
Assim ainda são muitos nikkeis… mesmo mais de um século depois de a imigração japonesa ter se adentrado no país. Nesse caso, se estivesse sozinho teria ido embora insatisfeito com a palestra apenas por não ter, ele mesmo, tirado suas dúvidas.
Se bem que ocorreu comigo também, na juventude. Sempre ilustro a palestra com esse exemplo até para mostrar como superei o problema. Chega a ser engraçado, mas foi quase trágico… rsrs.
Mas engraçado, aí sim, é que o nikkei tem boa formação, bagagem, está repleto de argumentos, mas não marca presença apenas porque ainda lhe corre nas veias o sangue nipônico de não se expor em público porque isso… não tem importância! Pode?!
Daí, como tomar parte nos rumos da Nação?
Verdade, caro Silvio Sano san: os nikkeis em geral, sem serem das novas gerações, sofrem conflitos por formação. Mas, as exceções, quando se superam, surpreendem!!