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A Madrinha Eunice é a mais nova moradora na Praça da Liberdade

A sambista foi retratada dançando, com saia rodada, turbante, colares e pulseiras, em uma escultura de bronze de aproximadamente 1,70 m de altura e 60 cm de largura. Foto: Luci Judice Yizima

 

Quem passa pela Praça da Liberdade desde o começo de abril, fica surpreso em ver a escultura da sambista Deolinda Madre, mais conhecida como Madrinha Eunice. Sendo a mais nova moradora na Praça da Liberdade, a sambista foi retratada dançando, com saia rodada, turbante, colares e pulseiras, em uma escultura de bronze de aproximadamente 1,70 m de altura e 60 cm de largura, escupida com tanta perfeição, rica em detalhes, que de tão perfeita a escultura, se confunde com as estátuas vivas (performance dos artistas de rua). A criação, foi feita por artistas negros, integra o projeto do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) que homenageia personalidades negras da cultura paulistana. A escultura foi feita por Lídia Lisboa, criadora de um trabalho de ação sociopolítica e com uma perspectiva crítica de gênero que se mostra ao mesmo tempo poético, sensível e de resistência.

A escultura foi feita por Lídia Lisboa, criadora de um trabalho de ação sociopolítica
Foto: Luci Judice Yizima

Em entrevista a Secretária Municipal de Cultura, Aline Torres destaca a importância da presença negra no bairro e sua representatividade. “Ao trazer essas figuras, somamos ao acervo municipal diversidade e representatividade e exaltamos as diversas vivências da nossa população”, pontuou a Secretária Municipal de Cultura, Aline Torres. “Além disso, homenageamos o samba paulistano, patrimônio cultural e imaterial da nossa cidade desde 2013”, conclui a Secretária.

Na ocasião, durante a inauguração estava presente a neta da Madrinha Eunice, Rosemeire Marcondes comenta que, “Não só para mim, mas todos os criados por ela de alguma forma estão se sentindo consagrados por essa atitude, de homenagem ao povo negro”. Conforme Rosemeire, a avó lutou sempre à frente de seu tempo, por um ideal como mulher negra, trabalhadora e guerreira. Sempre lutando por um ideal para que as pessoas respeitassem as mulheres. É um ícone do samba de São Paulo. “Nossos ancestrais estão felizes, nosso reduto do samba está feliz. Com muita alegria, com muito axé”, finaliza.

O projeto do DPH teve a sua primeira escultura inaugurada em dezembro de 2021, em tributo ao cantor Itamar Assumpção, localizado no Centro Cultural da Penha. Estão previstas mais duas obras para este ano, ainda sem data de inauguração, em homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus e ao atleta Adhemar Ferreira da Silva.

 

Rica em detalhes, que de tão perfeita a escultura, se confunde com as estátuas vivas (performance dos artistas de rua)
Foto: Luci Judice Yizima

Madrinha Eunice

Sambista e ativista do movimento negro, Deolinda Madre ficou conhecida como Madrinha Eunice por batizar dezenas de crianças. Foi fundadora da Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro, a mais antiga de São Paulo ainda em atividade, e é considerada um símbolo do carnaval paulistano.

Veio para São Paulo, da sua cidade natal, Piracicaba, aos 12 anos e passou a morar na Liberdade. Foi lá que fundou a Lavapés, que celebra 85 anos em 2022, fazendo-a uma grande figura para o bairro. Por sua importância e por ser muito simbólico para a comunidade negra, o local foi o escolhido para a instauração da obra, a primeira a ser lá instalada em homenagem a personalidades negras.

A escultura foi feita por Lídia Lisboa, criadora de um trabalho de ação sociopolítica e com uma perspectiva crítica de gênero que se mostra ao mesmo tempo poético, sensível e de resistência.

Assessoria Contábil

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KARATÊ

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